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Posts Tagged ‘Juventude’

O governo Haddad apresentou, no fim de março, um conjunto de cem metas que a sua gestão se compromete a atingir nos próximos 4 anos à frente da Prefeitura de São Paulo. Para debater as metas e ouvir propostas da população para o documento, serão realizadas, a partir do dia 13 de abril, audiências públicas em todas as subprefeituras (conheça o calendário de audiências).

O Plano de Metas está previsto na Lei Orgânica do Município de São Paulo desde 2008 e obriga a equipe de cada governo eleito a apresentar suas metas em até 90 dias após a posse, incorporando nele as propostas da campanha eleitoral. Trata-se de um instrumento para que a população possa discutir o que é prioritário para a cidade acompanhar a gestão, monitorando o andamento do governo. Ao final dos 4 anos, poderemos saber se essa gestão conseguiu atingir aquilo a que se propôs.

Será que os/as quase 3 milhões de jovens da cidade estão satisfeitos com as propostas deste Plano? Será que suas demandas e especificidades foram consideradas?

No atual governo, o tema juventude é puxado pela Coordenadoria de Juventude, que está alocada na recém-criada Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. No entanto, as políticas dirigidas a jovens precisam ser discutida e implantadas com envolvimento de várias secretarias.

O GT Juventude da Rede Nossa São Paulo destacou aqui 41 das 100 metas que se relacionam mais com os interesses e demandas da juventude, e realizou uma breve análise para ajudar jovens e interessados no tema juventude a fazer sua avaliação e a participar das audiências. Muitas das metas afetam a juventude, mas poucas mencionam jovens como um grupo social específico a ser considerado.

Juventude e políticas segurança públicas

O Programa Juventude Viva vem sendo divulgado pelo governo municipal como a principal ação dirigida a jovens, no entanto não aparece entre as metas. Ele vem de uma iniciativa do governo federal e se propõe a prevenir a mortalidade de jovens negros, especialmente de renda mais baixa e em territórios mais violentos. Em contrapartida, consta na meta nº35 a realização da Operação Delegada, um acordo entre Governo do Estado e Prefeitura para ampliar o efetivo da Polícia Militar no “patrulhamento noturno em áreas de altos índices de violência”.

Setores importantes da juventude vem há tempos denunciando a violência policial contra a juventude negra – demanda que inclusive deu origem ao Programa Juventude Viva. Em 2012 a polícia foi responsável por quase 20% dos homicídios de São Paulo e tem sido apontada como responsável por executar jovens nas periferias. Há indícios claros da existência de grupos de extermínio operando entre as forças policiais, sem a devida investigação e punição pelo poder público.

O GT Juventude entende que essa meta entra em evidente conflito com o desejo da juventude e explicita um entendimento equivocado de segurança pública no âmbito do município, ao investir na repressão ao invés de promover ações preventivas e de afirmação dos direitos sociais das populações jovens mais afetadas.

Não podemos deixar de apontar, contudo, um conjunto importante metas que constam do documento, que fazem parte de demandas expressas por diferentes grupos e organizações ligadas a juventude e devem beneficiar de forma importante os/as jovens – algumas dessas ações foram destacadas na tabela abaixo.

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Participe!

Acreditamos que o Plano de Metas é um instrumento importante de controle social e participação para jovens e certamente pode contribuir para o desenvolvimento de boas políticas públicas de juventude. Por isso fica o convite à participação nas audiências a todas e todos jovens do município. Apareça e faça a diferença!

Confira aqui as 41 metas analisadas, sua relevância e qual é a secretaria responsável.

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Recém-empossado pela gestão Fernando Haddad (PT), Gabriel Medina assume a Coordenadoria de Juventude da capital paulista com a missão de recompor um órgão com pouca estrutura e baixo orçamento para conseguir efetivar políticas públicas para os cerca de 3 milhões de jovens da cidade.

Nos últimos oito anos, oito pessoas diferentes ocuparam o cargo, o que dificultou a construção de uma política efetiva. Em entrevista ao GT Juventude da Rede Nossa São Paulo, Medina afirmou que a Coordenadoria está trabalhando neste início de mandato num processo de diagnósticos da juventude paulistana e de políticas desenvolvidas pelas diversas secretarias do município que têm este segmento da população como público direito ou indireto.

O novo coordenador listou entre as prioridades do atual governo o combate à violência, a adesão de São Paulo a programas do governo Federal, como o Juventude Viva e o Pronatec, e questões ligadas à cultura e ao trabalho.

Medina defendeu a nova estrutura da Coordenadoria, que compõe agora a Secretaria de Direitos Humanos, e afirmou que está trabalhando para a liberação de verbas de emendas parlamentares congeladas pela Secretaria de Finanças.

Leia abaixo trechos da entrevista.

Gabriel Medina, novo Coordenador de Juventude da cidade de São Paulo

Gabriel Medina, novo Coordenador de Juventude da cidade de São Paulo

GT Juventude: Quais devem ser as prioridades da Coordenadoria Municipal de Juventude neste governo?

Gabriel Medina: Para nós a prioridade é quebrar as barreiras entre centro e periferia e entre ricos e pobres. Além disso, uma das prioridades é trazer para São Paulo o Programa Juventude Viva, do Governo Federal. Outro tema é a questão do emprego.

Precisamos ainda acompanhar a vinda do Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, do Ministério da Educação] para a cidade. Ela precisa ser bem planejada. É preciso pensar quais cursos e em quais locais serão criados, quais jovens serão beneficiados. E também acompanhar a expansão da rede técnica de ensino federal.

Um terceiro tema é o da cultura. Achamos que é um tema muito central para a juventude da cidade, vide o sucesso do VAI [Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura] e como ele mobiliza as pessoas. A cultura é uma das formas mais presentes na mobilização da juventude, hoje, pela capacidade que ela tem de fazer a disputa de valores na sociedade em questões como o racismo, machismo, homofobia. E também para pensar uma sociedade que não se paute só pelo consumo, que rompa com o individualismo.

Falar em cultura é falar de acesso à produção e ao consumo de cultura oferecida por uma rede pública. Hoje os grandes espaços de socialização da juventude são os shoppings. Há poucos espaços públicos de socialização e de cultura, sobretudo na periferia. Há também baixo aproveitamento dos CEUs, espaços fundamentais para a produção cultural. É preciso pensar a cultura como prioridade, porque ela ajuda a ter uma disputa simbólica na própria concepção de juventude. É preciso pensá-la não só pelo trabalho e estudo, mas pelo direito à cidade, à cultura, ao tempo livre.

GT Juventude: Há alguma notícia sobre a implantação do Programa Juventude Viva?

Gabriel Medina: Já fizemos duas reuniões com o Governo Federal para tratar da vinda do programa. O Governo Federal está fazendo um estudo para ver quais são os convênios e quais são os programas que poderão ser trazidos para São Paulo, compreendendo que são um conjunto de programas que o município e, esperamos, o Governo do Estado desenvolvem.

Estamos trabalhando para a escolha dos territórios, elaboração de um guia municipal de implantação e o Haddad já soltou a portaria de criação de um grupo intersecretarial para a implantação do Juventude Viva.

GT Juventude: Nos últimos oito anos, foram oito coordenadores de juventude e até agora não temos políticas públicas de juventude efetivas. Como criá-las e como fazê-las sobreviver aos governos?

Gabriel Medina: Acho que essa descontinuidade tanto de um governo para outro quanto com as mudanças de coordenadores num mesmo governo dificultaram que a questão da juventude se tornasse um tema de governo e se consolidasse. O fundamental para que se torne uma política pública efetiva é que se tenham alguns trabalhos iniciais para esse processo.

O primeiro é um diagnóstico bastante preciso da juventude na cidade, entender sua realidade, como ele se movimenta e vive na cidade. É preciso ter dados que nos permitam produzir indicadores. Para isso é essencial que esses dados estejam territorializados. Não adianta ter dados apenas gerais, porque São Paulo é uma cidade muito grande, com realidades muito diferentes. É ideal ter uma dimensão das diferentes regiões para ter planejamento de ação mais preciso.

Um segundo elemento é ter um alcance de quais são as políticas voltadas para os jovens. Não se pode achar que são só as políticas da Coordenadoria. É preciso ter uma análise de como as secretarias atuam nesse tema. A Coordenadoria não é um órgão fim, é um órgão meio, que ajuda a articular e a pensar as políticas, mas quem as executa são as secretarias. É preciso ver como elas se dão ou não, como se articulam ou não. É preciso entender um pouco a dinâmica do governo e como ele tem funcionado nessa área.

Outro ponto é entender quais são os equipamentos públicos existentes na cidade e como eles se relacionam com os jovens.

É a partir desse mapeamento que é possível fazer um planejamento de médio prazo que permita a construção de políticas públicas. Estamos neste momento, de começo de governo, buscando fortalecer a estrutura do órgão. Hoje a estrutura da Coordenadoria esta muito diminuta, muito aquém do que do órgão precisa para realizar seu trabalho. Estamos buscando incidir na reforma de estrutura da prefeitura para garantir mais espaço para a juventude, principalmente neste novo espaço em que estamos que funcionando.

GT Juventude: Sobre a nova estrutura de governo, Você considera que a nova alocação da Coordenadoria, ligada à Secretaria de Direitos Humanos, é o ideal? Que possibilidades e desafios isso gera para o seu trabalho? Você acha que um modelo como o do Governo Federal, em que a Secretaria Nacional de Juventude está ligada diretamente à Secretaria Geral da Presidência da República, seria mais interessante?

Gabriel Medina: Temos entendido que este tema dos direitos humanos no governo Haddad é um tema muito importante. Aliás, direitos humanos e cidadania, que traz uma dimensão que valoriza o tema dos direitos humanos não como algo secundário ou apenas relacionado a questões problemáticas. Direitos humanos não são só isso, são temas que organizam a vida em sociedade.

Nesse momento, no governo Haddad, esse tema vai ser um tema muito importante. São Paulo é uma cidade que viola demais direitos humanos, com as populações em situação de rua, imigração. Nós estamos vendo a presença da juventude aqui como uma oportunidade de valorizar esse campo dos direitos de juventude como direitos humanos e valorizar o tema da cidade, sobretudo combater questões ligadas à violência.

GT Juventude: Como lidar com o desafio de levar a Coordenadoria e as políticas de juventude mais próximas da juventude periférica, dando territorialidade? Você já citou o Mapa da Juventude. Como ficam outras questões como as Estações Juventude e os Auxiliares de Juventude?

Gabriel Medina: Sobre os Auxiliares de Juventude, já fizemos aqui uma espécie de portaria interna dando mais precisão às atribuições desde cargo. Na lei que cria o auxiliar, é um pouco vago o papel dele. Já desenvolvemos aqui uma resolução interna que foi encaminha para as secretarias de Subprefeituras e de Relações Institucionais e estamos em contato com estas secretarias para garantir que as indicações possam atender a este papel.

O que houve nos últimos anos foi uma espécie de desvio de função. Nosso esforço foi um esforço permanente de acompanhamento das indicações e funções para que possamos ter no final um grupo comprometido com o tema. O Chico Macena [Secretario de Coordenação das Subprefeituras] já se dispôs a ajudar. Isso mostra o compromisso de fazer deste um tema com capacidade de se enraizar na cidade. A primeira tarefa após a indicação é pensar num processo de formação para estes Auxiliares e discutir um plano de trabalho comum entre a Coordenadoria e os Auxiliares.

GT Juventude: As propostas saídas da Conferência Municipal não foram muito discutidas pelo governo anterior e não geraram ações concretas. Eles serão retomadas? Como?

Gabriel Medina: Se a gente olhar estes temas que são prioritários, eles estão todos muito presentes nas resoluções da Conferência. Para escolher nossas prioridades, tomamos alguns documentos como base. O primeiro deles foi o programa de governo do Haddad, que foi o compromisso assumido em campanha. O segundo foi olhar as propostas apresentadas pelo Conselho Municipal de Juventude relacionadas ao plano de metas, e a terceira dimensão foi olhar um pouco as resoluções da conferência.

GT Juventude: A Coordenadoria pretende promover maior participação de jovens? Como?

Gabriel Medina: Queria destacar que uma das primeiras ações foi uma audiência pública no Capão Redondo, estive também na mesa com o Sotilli e o Netinho de Paula [Secretário de Promoção da Igualdade Racial], já buscando fazer uma sinalização muito clara da nossa ida à preferia para construir um vínculo. É um local muito simbólico para o diálogo e por conta da chacina no Jardim Rosana. Já buscamos estreitar estes laços porque para nós a prioridade é quebrar as barreiras entre centro e periferia e entre ricos e pobres.

GT Juventude: Uma das primeiras ações da Secretaria de Planejamento foi o congelamento de 5,2 bilhões do orçamento, incluindo 700 milhões em emendas parlamentares. Você acredita que o congelamento dessas verbas pode causar prejuízo às políticas de juventude e ao trabalho da Coordenadoria?

Gabriel Medina: O congelamento é um congelamento cautelar, inicial, inclusive para que o governo possa se precaver de qualquer problema fiscal que possa haver. Nós já estamos em negociação para liberar parte do dinheiro. Uma parte das emendas vem para nós e uma parte vai para as secretarias. Nos já fizemos uma conversa com as secretarias que já receberam as emendas relacionadas a políticas de juventude para que coloquem na prioridade de trabalho a liberação destas verbas.

Estamos otimistas em relação à liberação de 100% destas emendas, embora nenhuma secretaria tem retorno de todas suas emendas. É bem importante este orçamento, certamente com ele temos mais condições de amplificar nossas ações, mas não é pelo congelamento de uma emenda ou outra que vamos deixar de fazer nosso papel e incidir nas secretarias. Podemos ter uma emenda congelada e conseguir outra política pelas secretarias. Essa disputa de orçamento é complexa. É cedo para dizer que vai comprometer. Nunca tivemos orçamento. Vamos trabalhar com o que tivermos em mão e fazer o máximo.

GT Juventude: Cite alguns desafios que você enxerga para o seu trabalho.

Gabriel Medina: Existe uma expectativa de que as políticas cheguem rápido na ponta e vão logo para as ruas, mas temos buscado fazer um bom planejamento e isso leva um bom tempo. Nosso potencial é oferecer boas fontes de informação para as políticas do governo. Isso leva um tempo natural para que o planejamento seja bem feito e tenha eficácia.

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Prefeitura congelou 5,2 bilhões do orçamento da cidade para 2013, o que incluia 19,7 milhões em emendas parlamentares voltadas para políticas de juventude; parte do orçamento do VAI também ficou comprometido

A Prefeitura de São Paulo decidiu congelar 5,2 bilhões do orçamento previsto para o município no ano de 2013 pela Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada em dezembro de 2012 na Câmara. Com o corte, o orçamento caiu de R$ 42 bilhões para R$ 36,8 bilhões. Deste total, houve o congelamento do valor de 700 milhões referentes a todas as emendas parlamentares aprovadas para o ano.

Entre as emendas congeladas, havia 14 aprovadas após negociações do Conselho Municipal de Juventude com a Câmara e que previam um investimento total de 19,7 milhões em políticas de juventude na cidade.

Com o contingenciamento, ficaram suspensos investimentos no Bolsa Trabalho (R$ 6 milhões), Portal da Juventude (R$ 100 mil), Campanhas Educativas da Secretaria de Direitos Humanos (R$ 500 mil), criação de Estações de Juventude (R$ 1 milhão), realização da Semana Jovem (R$ 500 mil), implantação de duas Casas de Cultura (R$ 6 milhões), realização do Mapa da Juventude (R$ 1 mil), criação do programa de Valorização de Iniciativas Esportivas – VAE (R$ 1,5 milhões), e realização da Conferência Municipal de Juventude (R$ 100 mil), além de complementar o orçamento do programa de Valorização de Iniciativas Culturais – VAI (mais R$ 1,5 milhões) e da criação do VAI 2 (R$ 2,5 milhões).

VAI

O VAI 2013, que já está em fase de avaliação e seleção dos projetos, teve R$ 1,5 milhão de complementação de seu orçamento também congelado. De acordo com movimentos culturais da periferia de São Paulo, parte do valor previsto pela emenda era fundamental para que o número de grupos atendidos não diminuísse. Apenas na terça-feia (12), a poucos dias da divulgação dos resultados, o valor mínimo pedido pelos grupos, de R$ 650 mil foi liberado para a Secretaria de Cultura. Com isso, o programa contar com um orçamento de R$ 4,5 milhões, suficientes para manter o apoio ao mesmo número de projetos que o programa teve no ano passado, cerca de 180 iniciativas culturais, mas não para expandi-lo.

Prejuízos

Para Patrícia Rodrigues, do Conselho Municipal de Juventude de São Paulo e do GT Juventude da Rede Nossa São Paulo, o prejuízo, caso as emendas não sejam liberadas, é “político e financeiro”. “Conseguimos uma vitória história, com uma Coordenadoria [de Juventude] que não dialogava. O prejuízo é político, pela luta que foi feita com a sociedade civil e com movimentos sociais e que não é considerada; e financeiro, pelos projetos que estão parados há mais de 10 anos por fala de orçamento e que não sairão do papel”, afirmou.

De acordo com Patrícia, as organizações da sociedade civil, movimentos de juventude e o Conselho Municipal estão em diálogo com o Executivo e com o Legislativo para conseguir a liberação das emendas. “Estamos na fase do diálogo e tem todo um trâmite técnico para a liberação. O papel dos movimentos é levantar a pauta e levar a demanda para o governo, fazendo pressão como sempre atuaram”, defendeu.

Patrícia afirmou ainda que o Conselho Municipal de Juventude trabalha para a liberação de todas as emendas. “Estamos fazendo um esforço para descongelar pelo menos o que já está em edital, como o VAI, mas todas as emendas são prioritárias. Vamos batalhar para que todas sejam descongeladas, e sejam prioridade do governo.”

Diálogo dentro do governo

De acordo com Gabriel Medina, Coordenador Municipal de Juventude de São Paulo, o congelamento é “cautelar”. Ele afirmou, porém, que a Coordenadoria está em diálogo com as secretarias para priorizar estas emendas.

“Já conversamos com o Juca [Ferreira, Secretário de Cultura] sobre as de Cultura, com o Eliseu Gabriel [Secretário do Trabalho] sobre as de Trabalho. Estamos fazendo este movimento com as secretarias para que elas reivindiquem. Já fizemos uma reunião com a Secretaria de Planejamento para falar sobre a importância das emendas. Estamos colocando também como prioridade da Secretaria de Direitos Humanos”, afirmou (leia aqui a íntegra da entrevista)

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O Conselho Municipal de Juventude (CMJ) iniciou os trabalhos em 2013 no último dia 27 de fevereiro, após a nomeação dos novos representantes do poder público. O primeiro encontro do Conselho, que teve participação do novo Coordenador Municipal de Juventude, Gabriel Medina, de conselheiros e de representantes da sociedade civil e da Câmara, foi marcado pelo planejamento das ações que serão desenvolvidas ao longo do ano e de cobranças por mais transparência.

Entre os temas apresentados pelo presidente do CMJ, Osvaldo Lemos, e pela conselheira Patrícia Rodrigues, estão:
• O acompanhamento das emendas e execução orçamentária;
• Mudança na Lei Orgânica do Município pra inserir o termo “Jovem”, adaptando para o município Emenda Constitucional nº 65, recém-aprovada no âmbito federal, e possibilitando a destinação de verbas no orçamento para este público;
• A inclusão das metas propostas pelo Conselho Municipal de Juventude aos então candidatos (Fernando Haddad se comprometeu com a maior parte delas) no Plano Plurianual;
• Reformulação da Lei do Conselho, para alteração da presidência (sociedade civil e poder público) e exercício do mandato por entidade, entre outros aspectos;
• Acompanhamento do Plano Juventude Viva;
• Trabalhar pela realização do Mapa da Juventude;
• Implantação de Estações Juventude e discussão do papel dos auxiliares, incluindo um possível projeto de lei que regulamente a sua atuação;
• Construção participativa de um Plano Municipal de Juventude;
• Promoção de debates sobre aborto e tráfico de mulheres;
• Ações contra a redução da maioridade penal.

Dificuldades

Durante o encontro, o Coordenador de Juventude, Gabriel Medina, afirmou haver dificuldades de inserir o tema na prefeitura. Como exemplo, Medina apontou que os auxiliares de juventude – um por cada subprefeitura – estão sendo definidos pelo governo, mas que prevalece a lógica política adotada até então, em que forças políticas locais indicam os nomes, sem a participação mais direta da Coordenadoria de Juventude.

Medina afirmou também que haverá “muita dificuldade” para liberar os cerca de RS 20 milhões em Emendas Parlamentares que haviam sido inseridos no orçamento a partir do engajamento do Conselho e das organizações da sociedade civil e que previam ações para juventude. As Emendas foram congeladas pela Secretaria Municipal de Planejamento.

O Conselheiro na cadeira de Saúde e Meio Ambiente, Daniel Cunha, também cobrou maior relevância do tema de juventude na gestão municipal. “O tamanho da Coordenadoria da Juventude, por exemplo, é uma vergonha”, afirmou.

Transparência

O GT Juventude da Rede Nossa São Paulo também esteve presente, representado pelo secretário executivo Gabriel Di Pierro, que sugeriu ao Conselho a discussão sobre um programa para jovens mulheres nos cinco Centros de Cidadania da Mulher e a respeito de uma política descentralizada dirigida à juventude LGBT. Além disso, cobrou do Conselho uma maior transparência. “É preciso promover a participação, com a divulgação das reuniões e a publicização das atas das reuniões e dos conselheiros ausentes”, defendeu.

Também membro do GT, o conselheiro Flavio Munhoz reiterou a cobrança. Ele sugeriu a utilização do Portal da Prefeitura para a divulgação das informações. Munhoz também apontou para a necessidade de o CMJ debater as mortes de jovens negros nas periferias, dialogando com o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra.

De acordo com Medina, a dificuldade em publicizar atividades do Conselho decorre da ausência, no órgão, de um secretário, cuja contratação estava prevista em lei. Ele afirmou que quadro funcional da atual da Coordenadoria é extremamente “enxuto”, mas que isso deverá ser superado no futuro.

Outras demandas

Ana Claudia, conselheira da cadeira de Relações Raciais e Étnicas, destacou a necessidade de cobrar a aplicação da lei 10.639 -que instituiu o ensino de história e cultura africana e afro-brasileiras- nas escolas municipais, além de destacar o problema do feminicídio.

Representante da Câmara Municipal, Débora Pereira destacou que há algum tempo houve uma iniciativa, na Câmara, de se criar o Prêmio Sabotagem. Ela defendeu que o CMJ busque a aprovação de uma lei para instituir a premiação.

Débora também lembrou que o Conselho deve acompanhar de perto as atividades da chamada “Bancada da Bala”, incluindo a proposta do vereador Conte Lopes (PTB), que “proíbe a utilização de vias públicas, praças, parques e jardins e demais logradouros públicos para realização de bailes funks, ou de quaisquer eventos musicais não autorizados”. Segundo ela, não apenas os bailes estão em risco como outras importantes atividades culturais, como o conhecido Pagode da 27 (na região do Grajaú, Zona Sul), por exemplo.

Agenda

O Conselho fará, em março, um novo encontro presencial para definir o planejamento e a composição de comissões e GTs. A reunião será no dia 14, no auditório da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, na Rua Libero Badaró, 119 – Centro.

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audiencia.publicaA Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) receberá, na terça-feira (19/3), uma audiência pública para debater questões relacionadas às políticas de segurança no estado de São Paulo e ações de combate ao genocídio da juventude negra. A atividade será realizada a partir das 17h.

Fruto de diversas mobilizações do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra, como a ocupação da Secretaria de Justiça, a audiência terá participação do Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, de representantes da Secretaria Estadual de Justiça e de representantes dos comandos, corregedorias e ouvidorias das polícias Civil e Militar do estado.

De acordo com membros do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra, o objetivo central da atividade é cobrar o poder público e exigir dele uma resposta para impedir a continuidade de crimes cometidos pelos próprios agentes do Estado, por meio de suas polícias, sob a alegação de combate ao crime organizado.

Violência Policial

Em 2012, quando o Comitê voltou a ter grande mobilização, a partir da onda de violência que atingiu a região da Grande São Paulo e Baixada Santista, mais de 500 civis foram mortos, segundo os dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública.

A relação de civis mortos para cada policial, neste caso, ficou em 39,3. Para efeito de comparação, referências internacionais mais aceitas indicam que acima de dez civis por policial fica claro o uso excessivo de força. Outra evidência da violência e letalidade policial é que, a cada dois mortos, um civil ficou ferido – em geral se supõe que em caso de confronto a proporção seja inversa numa situação de normalidade.

Segundo matéria publicada na revista Caros Amigos, com base em denúncias policiais, “Em cada batalhão a PM tem um grupo de extermínio”. Lideranças comunitárias e moradores de vários bairros de São Paulo apontam que matadores encapuzados seriam policiais, possivelmente membros destes grupos. Muitas vítimas vêm sendo constrangidas e até executadas – como aconteceu no Jardim Rosana, Zona Sul de São Paulo, no início de 2013 -, e as próprias autoridades reconhecem que não há hoje canais de denúncia seguros.

Carta Aberta

Ato no 13 de Maio

Ato no 13 de Maio

Jofelicio Júnior (conhecido como Juninho), do Círculo Palmarino – organização que participa do Comitê – afirma que ações como esta foram vistas repetidas vezes nos últimos anos, o que levou o Comitê a se mobilizar novamente em torno do tema. Ainda no ano passado, foi lançada uma Carta Pública, assinada por mais de 100 entidades, com uma série de reivindicações para reverter o número de mortes de jovens negros e periféricos.

Entre as ações, destacam-se a iniciativa de uma lei federal que acabe com os chamados “autos de resistência”, a criação de procedimento específicos em hospitais que recebam pessoas supostamente feridas em confrontos, a indenização e apoio a famílias de vítimas da violência policial, a apuração e combate a grupos de extermínio, a elucidação das chacinas ocorridas até hoje e a punição dos envolvidos, a criação de uma comissão mista para desenvolver propostas de redução da letalidade policial, o acesso à informação e a dados sobre crime e ações policiais e outros procedimentos de proteção aos denunciantes da violência policial (leia aqui a íntegra da carta).

Juninho ressalta que estas ações são essenciais para reverter uma política de segurança que o Comitê acredita ser desastrosa. “Acreditamos que as políticas de combate à violência não podem ser feitas com a geração de mais violência. Não somos a favor do crime organizado, o que não queremos é que esse combate seja feito pela repressão de toda uma comunidade e morte de inocentes. Ao ser negro ou morador da periferia, automaticamente você é considerado criminoso. Por isso também é necessário combater o crime dentro do próprio Estado”, afirma.

Ele afirma também que uma política eficiente de superação da violência passa, antes de mais nada, pelo desenvolvimento das comunidades. “É preciso cultura, educação, lazer, emprego e não essa política de saturação das comunidades.”

O Comitê

O Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra é uma frente que reúne um conjunto amplo de organizações e pessoas preocupadas com o assassinato, a perseguição e o racismo dirigido aos jovens negros moradores das periferias nos centros urbanos do estado de São Paulo.

O grupo reúne hoje representações do movimento negro (como Uneafro, Círculo Palmarino e Movimento Negro Unificado), de direitos humanos (como o Grupo Tortura Nunca Mais e a Pastoral Carcerária), de juventude (como o Levante Popular da Juventude) e outras entidades importantes como as Mães de Maio, Santos Mártires e o Forum Hip Hop Municipal, além do GT Juventude da Rede Nossa São Paulo.

“Trata-se de uma frente de lutas que agrega diversos movimento e lideranças e setores que reivindicam essa pauta. O comitê tem feito um grande esforço de juntar diversas iniciativas que vêm sendo feitas no campo dos direitos humanos, do combate ao racismo e do enfrentamento à violência contra a juventude. Diversas organizações sociais, partidos políticos e parlamentares vêm lutando por essa pauta”, afirma Juninho.

Conforme o militante, o Comitê surgiu ainda em 2009, com uma articulação de entidades do movimento negro para a construção de um dia 13 de maio de lutas. “No primeiro ano nossa ação foi contra a falsa abolição e reivindicando que a estação Anhangabaú virasse Anhangabaú-Palmares, por causa do mercado de escravizados que havia lá”, explica.

Em 2010, as mesmas entidades mobilizadas passaram a destacar no 13 de maio a luta pelo fim da violência contra a juventude negra. Foi então que o Comitê ganhou o nome atual. “Fazia quatro anos dos crimes de maio e não havia nenhuma resposta do poder público ao acontecido, além de alguns novos casos de violência e assassinatos.”

Outras ações

Manifestantes se dirigem à Assembleia Legislativa no ato 10D

Manifestantes se dirigem à Assembleia Legislativa no ato 10D

Além disso, desde a sua criação, o Comitê vem percorrendo as instâncias legais, participando de audiências públicas e protocolando documentos que pedem providências das autoridades para brecar o assassinato e encarceramento em massa de jovens negros. No dia 22 de novembro os representantes do Comitê ocuparam a Secretaria de Justiça para pedir uma audiência, que será realizada no dia 19 de março (leia mais aqui).

No dia 1º de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, foi organizado o “ATO 10 D – dez direitos que não existem em SP”, que reuniu cerca de mil pessoas numa passeata que começou no vão do MASP e seguiu até a Assembleia Legislativa para a entrega do Prêmio Santos Dias de Direitos Humanos. Em janeiro, um novo ato marcou o aniversário de São Paulo, em frente da Praça da Sé.

Para Juninho, a pressão da sociedade parece estar surtindo efeito, com a troca dos comandos nas duas polícias e do próprio Secretário de Segurança Pública, além de portarias como a que retirou o termo “resistência seguida de morte” dos boletins de ocorrência.

Para participar

As reuniões do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra são abertas e realizadas geralmente às terças-feiras, a partir das 19h, no Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo, na Rua da Abolição, 167, na Bela Vista. Elas são divulgadas por e-mail e por uma página na rede social Facebook.

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A terceira edição do Pacto pela Juventude está recebendo novas adesões de candidatos/as a prefeito/a e a vereador/a de todo o país. O documento traz propostas das organizações da sociedade civil que compõem o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) para as políticas públicas ligadas à temática. O objetivo da adesão é que as candidaturas incorporem as propostas em suas plataformas eleitorais.

Leia a íntegra do Pacto pela Juventude.

Para Rebeca Ribas, vice-presidenta do Conjuve, o Pacto cria um instrumento importante para comprometer prefeitos/as e vereadores/as com políticas de juventude. “Não é a assinatura do Pacto que vai garantir a implementação da política, mas se o candidato assina e incorpora as propostas à sua plataforma, isso gera um importante instrumento para os conselhos municipais [de juventude] poderem acompanhar e cobrar os eleitos”, diz.

De acordo com Rebeca, a ideia é que o Pacto sirva também para fortalecer os conselhos municipais e a articulação entre os conselhos dos entes federados. “A ideia é fortalecer a rede de conselhos para fazer um acompanhamento das implementações das políticas após as eleições. Uma coisa que já está prevista para acontecer é uma série de reuniões com conselhos municipais e estaduais nas cinco regiões do país e vamos aproveitar também para fazer o monitoramento do Pacto pela Juventude no país inteiro”, afirma.

O pacto já teve adesões nos 26 estados da federação e no Distrito Federal e recebe novas adesões a cada dia. A lista de candidatos/as a prefeito/a e vereador/a que aderiram ao documento deverá ser publicada em breve no blog pactopelajuventude.wordpress.com.

Propostas

Em sua primeira edição, nas eleições municipais de 2008, o Pacto teve como objetivo reforçar os parâmetros e diretrizes da Política Nacional de Juventude, além de manter e divulgar o debate em torno das resoluções da 1ª Conferencia Nacional de Juventude, que mobilizou mais de 400 mil participantes, em todo o Brasil.

Nas eleições gerais de 2010, a segunda edição do Pacto teve como objetivo a construção conjunta de uma agenda pública de juventude, de modo a garantir os direitos dos cerca de 50 milhões de brasileiros e brasileiras com idade entre 15 e 29 anos.

Neste ano, o documento reforça a necessidade de promover a emancipação da juventude, por meio da consolidação das políticas de Estado, com corresponsabilização dos três entes federados, elencando como tarefas imediatas o combate à pobreza e à exclusão social, a promoção e a valorização da diversidade cultural.

As propostas estão colocadas em nove objetivos principais:

1. Garantir a educação de qualidade

2. Assegurar o trabalho decente para a juventude

3. Promover a saúde integral

4. Promover o direito à comunicação

5. Promover o acesso à cultura, esporte, lazer e tempo livre

6. Garantir o direito ao território

7. Prevenir e enfrentar a violência

8. Institucionalizar a política de juventude

9. Fortalecer os canais de participação democrática

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Dispensado do cargo na sexta-feira (03/08), o mais recente coordenador de juventude de São Paulo, Devanir Cavalcante, deu entrevista ao site da Ação Educativa para falar sobre as políticas de juventude em curso na cidade e os desafios para a próxima gestão. Com a dispensa de Cavalcante, a cidade de São Paulo chega à marca de oito coordenadores em oito anos, considerando as duas últimas gestões do governo Municipal. A Coordenadoria de Juventude está ligada à Secretaria Municipal de Participação e Parceria.

Para o ex-coordenador, as mudanças constantes na direção do órgão são “um desrespeito com a juventude”, por atrapalhar a implantação de políticas públicas voltadas para esta faixa da população.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Ação Educativa: Qual é o balanço que você faz de sua passagem pela Coordenadoria Municipal de Juventude? O que foi possível fazer e o que não foi?

Devanir Cavalcante: Acredito que minha passagem pela Coordenadoria foi marcada por uma reconexão com os movimentos e com os grupos de juventude. Conseguimos a participação de novos atores. Não são grupos novos, mas são grupos que não estavam sendo ouvidos nos processos.

Conseguimos a reconstrução do Fórum do Funk e do Fórum Geek, por exemplo. Isso foi muito bacana, muito bacana mesmo. Eles se sentiram muito felizes de poderem participar e de poderem construir juntos as políticas que lhes dizem respeito.

É preciso avançar mais, claro, mas do jeito que estávamos indo, acredito que em um ano estaríamos em outro patamar. Era todo um processo de tentar abrir as portas da Coordenadoria, ir para os bairros, para as pessoas se organizarem, empoderar grupos. Nesse processo todo, não tive nem R$ 50 mil de recurso.

Ação Educativa: Como você vê a constante troca de coordenadores de juventude e a que você atribui isso?

Devanir Cavalcante: Estávamos dialogando, mas não sei como as coisas vão ficar. O que prejudica é essa interrupção, essa descontinuidade. Isso é péssimo, é um desrespeito com a juventude. Não falo da minha saída, mas já são oito coordenadores em oito anos de criação da Coordenadoria. Isso é muito ruim para a política de juventude em são Paulo – a quinta maior cidade do mundo, com 3,5 milhões de jovens. Seria preciso um órgão com força de secretaria para dar continuidade ao trabalho.

Acredito, e isso foi até falado quando fui comunicado do desligamento pela Secretaria [Municipal de Participação e Parceria], que essas mudanças ocorrem muito por causa das eleições, de campanha política. Não foi levada em conta a avaliação que se faz do coordenador, mas a política partidária. Com estas várias trocas de coordenadores, não há continuidade nas políticas de juventude. Fui chamado na segunda para sair até sexta.

Ação Educativa: Quais foram os principais entraves à sua atuação na coordenadoria?

Devanir Cavalcante: Não teve recurso. Os processos que aconteceram foram todos em parceria com entidades, iniciativa privada, doação. A Coordenadoria não precisa ter 10 milhões, mas que ela precisa ao menos de destinação suficiente para fazer a articulação necessária com os grupos e movimentos de juventude e com as secretarias municipais que operam as políticas.

Ação Educativa: Quando você deixou o cargo, como estavam os processos de criação e implantação das estações de juventude?

Devanir Cavalcante: As estações de juventude, pela lei municipal, devem ser coordenadas pelas subprefeituras. Hoje a gente tem apenas uma, em Cidade Tiradentes, coordenada pela subprefeitura local. Eu mapeei diversos espaços para fazer estações. Em Itaquera, por exemplo, tem um local que poderia ser um Centro de Referência da Juventude e que estava sendo pleiteado por jovens da população local. Houve todo um trabalho deles para isso, mas a prefeitura não acolheu o projeto.

Ação Educativa: Pela lei do município, cada subprefeitura deveria ter também um auxiliar de juventude para articular grupos locais e Coordenadoria. Eles existem? Funcionam?

Devanir Cavalcante: Quando assumi, havia três ou quatro auxiliares de juventude que estavam fazendo algum trabalho com juventude. O restante acabava assumindo outros trabalhos dentro da subprefeitura, como motorista ou até servindo café. Muitas vezes isso acontecia, não porque eles não queriam fazer ou porque o chefe mandava, mas porque não tinham o que fazer, não havia coordenação.

Depois que assumi a Coordenadoria, chamei os auxiliares para conferências, para organizar eventos conosco e eles reagiram. Hoje pelo menos 19 deles já estão fazendo o seu devido trabalho, mas quase metade ainda não está.

Ação Educativa: A que atribui isso?

Devanir Cavalcante: Acho que os auxiliares tinham que ter mais autonomia e estar diretamente ligados à Coordenadoria e não às subprefeituras. Além disso, o processo deveria ser mais transparente. Os auxiliares precisam saber por quanto tempo ficam no cargo.

Ação Educativa: Na Segunda Conferência Municipal de Juventude, foi levantada como uma das prioridades para nortear as políticas da área a elaboração de um mapeamento da juventude paulistana. Como está este processo?

Devanir Cavalcante: Já demos o primeiro passo. Começamos um processo para ver como organizar a questão. É preciso saber exatamente o que se quer mapear, para depois fazer a licitação. Contratamos o Daniel Vaz para fazer o levantamento de tudo que se quer saber, onde se quer chegar. Íamos fazer um cruzamento com algumas informações da Secretaria, mas tivemos estes entraves políticos e também falta de verba. Sabia que não faríamos o mapeamento na minha gestão, mas queria deixar isso licitado ao menos.

Ação Educativa: como você vê as articulações de juventude na cidade de São Paulo? Você identifica demandas específicas da juventude local?

Devanir Cavalcante: As demandas são as mesmas para todos: a questão das políticas de segurança, liberdade, emprego, valorização do jovem, espaço para eventos e atividades culturais. Mas em São Paulo, especificamente, a questão da educação e do acesso a trabalho são muito fortes.

Ação Educativa: Quais são os desafios que você enxerga para o/a próximo/a coordenador/a?

Devanir Cavalcante: Neste quatro meses? Acho que neste período até o próximo mandato cabe explicar o que aconteceu e tentar dar continuidade ao que já vinha sendo foi feito pelos outros coordenadores. O desafio é tentar manter estes grupos que já estão muito fortes e que estão ligados aos processos, tentar potencializar a participação, ser parceiros deles. Mas não sei se isso agrada à Prefeitura.

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A cidade de São Paulo tem 2.930.517 jovens entre 15 e 29, o que corresponde a 25,8% da população, de acordo com dados do Censo 2010 do IBGE. Na última década, a juventude ganhou visibilidade e entrou de forma mais significativa na agenda dos governos municipais, gerando, na capital paulista, reflexos como a criação de um Conselho Municipal de Juventude, uma Coordenadoria de Juventude e os cargos de auxiliares de juventude nas subprefeituras.

A necessidade de promover os direitos da juventude é, contudo, um grande desafio para aquele ou aquela que for assumir a Prefeitura em 2013. A realidade dos jovens e das jovens paulistanas é bastante diversa e, por isso, são grandes as demandas por políticas específicas que considerem, em especial, as dificuldades enfrentadas pelos grupos mais vulneráveis, notadamente mulheres, negros(as), pobres e moradores das periferias.

Mas o que cada candidato está propondo para a juventude? Para tentar responder a esta pergunta, o GT Juventude da Rede Nossa São Paulo está, desde julho, em contato com as assessorias de oito candidaturas (Carlos Giannazi, Celso Russomano, Gabriel Chalita, Fernando Haddad, José Serra, Miguel Manso, Paulinho da Força e Soninha Francine), solicitando a cada uma que envie um resumo de suas propostas.

A escolha de quais candidaturas seriam contatadas levou em conta a colocação dos candidatos nas pesquisas de intenção de voto no mês de julho e sua relação histórica com o tema. Apesar dos contatos feitos reiteradamente às candidaturas ao longo de dois meses, apenas os candidatos Gabriel Chalita, Fernando Haddad, Paulinho da Força e Carlos Giannazi haviam encaminhando o documento até o início do mês de setembro. Os candidatos e candidatas que enviarem as propostas terão os documentos publicados posteriormente no blog do GT Juventude.

Conheça quais são as ideias defendidas por cada candidato e faça sua avaliação:

Carlos Giannazi

Celso Russomano (não enviou)

Gabriel Chalita

Fernando Haddad

José Serra (não enviou)

Miguel Manso (não enviou)

Paulinho da Força

Soninha Francine (não enviou)

Propostas da sociedade civil

Para contribuir com o debate, o GT Juventude lançou também uma carta aberta aos/às candidatos/as à Prefeitura de São Paulo, com propostas da juventude paulistana para uma cidade melhor. A carta já foi assinada por outras 17 organizações e grupos comprometidos com a promoção de direitos de juventude.

O documento foi elaborado a partir de uma série de debates com jovens e organizações de juventude de diferentes regiões de São Paulo, de modo a construir um documento plural, que dê conta da diversidade deste grupo social e, ao mesmo tempo, ofereça diretrizes para as políticas públicas ligadas ao tema.

Ele traz um total de 14 itens objetivos e contempla questões como fortalecimento dos espaços de participação política, acesso e descentralização de bens culturais, direitos sexuais e reprodutivos e cidadania de jovens mulheres, LGBTs e negros, acesso a educação, entre outros.

Leia aqui a íntegra do documento.

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Desde julho, um conjunto de organizações e pessoas vem se articulando para discutir e denunciar o assassinato sistemático de jovens negros e pobres, em especial na região Metropolitana de São Paulo, e reivindicar mudanças na atual política de segurança promovida pelo governo estadual e o enfrentamento da violência policial. Com essa finalidade, foi criada a Campanha Contra o Genocídio da Juventude Negra.

Para a articulação, o termo genocídio (execução sistemática de uma etnia específica) é o que melhor define a ação violenta de agentes de segurança do Estado contra jovens negros nas periferias nos últimos anos, refletida em índices bastante preocupantes. O grupo vem conversando com instituições como a Defensoria Pública de São Paulo, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e a Pastoral Carcerária e reunindo dados, informações e denúncias que mostram a gravidade do problema.

De acordo com estas organizações, 2.262 pessoas foram mortas em supostos confrontos com a polícia entre 2006 e 2010. São mais de 450 mortes a cada ano. Do total de vítimas de intervenções legais, 77,3% são jovens entre 15 e 29 anos de idade, sendo 54% negros (pretos e pardos). Na cidade de São Paulo, 93% de casos de morte por policiais acontecem nas periferias.

Para a Campanha, os números são o resultado de uma política de segurança pública racista, baseada no policiamento ostensivo, na intimidação e que defende a propriedade e não o indivíduo, em especial no estado de São Paulo. “A atual política estadual tem sido justificada a partir da noção equivocada de ‘guerra contra o crime’, que esteriotipa e persegue segmentos excluídos e marginalizados da população, elegendo-os como inimigos e jogando em seus ombros a culpa pela violência”, afirmam os articuladores da campanha.

A Campanha pretende realizar atividades de mobilização e informação em diferentes locais da cidade, buscando a adesão de mais organizações e pessoas, e sugere a criação, pelo Governo do Estado, de um grupo de trabalho com a participação da sociedade civil para elaborar um Plano de Enfrentamento da Polícia Violenta.

A articulação

A Campanha surgiu a partir do encontro Violência de Estado, Genocídio e Extermínio da Juventude Negra, realizado em julho por iniciativa do GT Juventude e do Fórum Hip Hop de São Paulo. Na ocasião, mais de 130 pessoas, incluindo representantes de organizações como Educafro, Cedeca Sapopemba, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Pastoral Carcerária, apresentaram relatos de uma nova ofensiva que vem acontecendo nos últimos meses, em especial nas periferias da capital paulista. Também foram apresentados dados e pesquisas que indicam os impactos negativos da atual política de segurança, sobretudo na perseguição e assassinato de jovens negros.

Como principal encaminhamento, foi criada a Campanha Contra o Genocídio da Juventude Negra, com a finalidade de mobilizar uma rede de organizações e pessoas em torno da defesa da juventude negra e pela mudança na política pública de segurança, em especial aquela promovida no estado de São Paulo.

A comissão organizadora da Campanha vem se encontrando para construir estratégias de comunicação, mobilização e para realizar atividades descentralizadas para levar a discussão para jovens de diferentes regiões da cidade. A articulação também está em processo de discussão e elaboração de uma carta de propostas, a ser construída com todos/as envolvidos/as nesta luta. Mais informações sobre a campanha e suas próximas reuniões pelo telefone (11) 3151-2333, ramal 117, ou pelo e-mail juventudenegravive@gmail.com.

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Encontro reuniu representantes do poder público e da sociedade civil na Câmara

No dia 17 de maio, o GT de Juventude da Rede Nossa São Paulo realizou, em parceria com a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo, o Encontro Gênero e Diversidade Sexual – construindo políticas públicas de juventude. A atividade discutiu um conjunto de propostas elaboradas por parceiros e parceiras do GT Juventude com representantes de secretarias municipais, pesquisadores e organizações ligadas às temáticas.

Na mesa estavam o vereador Ítalo Cardoso, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara; a representante da Secretaria de Educação, Elisabeth de Sousa; a representante da Coordenadoria da Mulher, Amely Fauser; e a representante da Coordenadoria dos Assuntos da Diversidade Sexual (CADS), Ana Cristina Mendes dos Santos; que falaram a respeito das ações e desafios do poder público para trabalhar com essas questões. Clara Cavalcante, doutora em saúde pública, e Patrícia Rodrigues, da Marcha Mundial das Mulheres e Secretária de Juventude da União de Moradia de São Paulo, falaram pela sociedade civil.

O representante da Executiva do GT Juventude, Gabriel Di Pierro, iniciou o encontro com a apresentação das propostas do GT. “Buscamos ser bastante específicos, partindo das leis já aprovadas e programas das secretarias. Não são propostas finalizadas, mas que devem qualificar o diálogo e impulsionar encaminhamentos concretos. São temas que estão fragilizados na agenda do município e que necessitam de maior centralidade”, afirmou.

Segundo Elisabeth de Sousa, quem trabalha com as temáticas de gênero e diversidade na Secretaria Municipal de Educação é a Diretoria de Orientação Técnica, que, no entanto, não possui hoje um setor específico para gênero ou diversidade sexual. Segundo a representante, a Secretaria tem trabalhado com grande ênfase no processo de ensino-aprendizagem, por meio do qual tem constatado um sucesso maior de meninas em relação aos meninos.

Para Elisabeth, faltam levantamentos que indiquem que levar a discussão sobre gênero e masculinidades para dentro da sala de aula pode contribuir para que os alunos tenham maior sucesso escolar. Elisabeth também considerou importante que sejam desenvolvidas pesquisas que compreendam como se dá a relação entre alunos e professores assumidamente homossexuais.

Para Amely Fauser, a Coordenadoria da Mulher está de acordo com a necessidade de desenvolver ações específicas dirigidas a jovens mulheres. De acordo com ela, a Coordenadoria está aberta a contribuições, mas ela ressalta que existem dificuldades na implantação das políticas.

Orçamento

Segundo Gabriel Di Pierro, a Coordenadoria da Mulher teve seu orçamento reduzido em quase 50% em 2012. Para Ítalo Cardoso, é necessário que a Coordenadoria procure um novo espaço na gestão municipal. “A atual gestão optou por colocar as temáticas da mulher, gênero, raça e juventude em uma secretaria frágil, sem orçamento. Por isso é importante que vocês reivindiquem um espaço que seja mais adequado para o desenvolvimento dessas políticas”, disse. Segundo ele a Comissão de Direitos Humanos estará aberta para discutir esses problemas e dar encaminhamentos.

Para a Doutora Clara Cavalcanti, as políticas têm sido pensadas a partir de uma visão de controle da sexualidade e dos corpos e refletem as limitações dessa visão. Para ela, é preciso “enxergar a diversidade dentro da diversidade”, ao invés de criar categorias homogêneas, para que se possam afirmar os direitos sexuais e reprodutivos sem estigmatizar.

Segundo Ana Mendes dos Santos, a CADS já tem realizado mapeamentos sobre violência contra pessoas LGBTs que permitem o recorte etário, mas concorda que novos estudos serão bem vindos. Ana afirmou também que há hoje a preocupação da CADS em dar maior capilaridade no atendimento e que, para isso, há um processo de formação de profissionais dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), realizado em conjunto com a Secretaria Municipal de Ação e Desenvolvimento Social (SMADS) e com apoio do Conselho da Diversidade.

Patrícia Rodrigues lembrou a necessidade de garantir a autonomia de jovens mulheres em relação ao corpo, adequando leis e criando políticas que apoiem a jovem que optar pelo aborto, tratando-o como uma questão de saúde da mulher. Ela defendeu ainda a criação de um plano municipal que aborde os direitos da juventude de maneira integrada.

Propostas

O representante do GT Juventude, Gabriel Di Pierro, apresentou o resultado do diálogo que vem sendo promovido junto a organizações como ECOS – Comunicação em Sexualidade, Jovens Feministas, Associação Frida Khalo, Grupo Lambda, Anchietanum e Viração, pensando em políticas públicas de juventude com o recorte de gênero e diversidade sexual (veja aqui as propostas).

Ao final do encontro os representantes se colocaram à disposição para dialogar acerca das propostas, realizando reuniões específicas com cada Secretaria. A coordenadoria de Juventude, Secretaria de Saúde e SMADS, também convidadas, não enviaram representantes.

“Vai ser importante retomar o diálogo, especialmente com aqueles representantes que se mostraram mais abertos a acolher as propostas. O encontro nos ajudou a aprofundar nosso diagnóstico sobre essas políticas, contribuindo para uma agenda específica, além de iniciar uma conversa com os órgãos e com a Câmara”, disse Patrícia Rodrigues.

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